SÃO PAULO – O papel da certificação já é bastante reconhecido em diversas atividades profissionais. Na área financeira, por exemplo, o famoso CFA (Chartered Financial Analyst) dispensa apresentações e praticamente equivale a uma pós-graduação.

Mas quando se trata de recursos humanos e consultoria, pouca gente ainda está familiarizada com siglas como CMC (Certified Management Consultant), HRMP (Human Resource Management Professional) e GPHR (Global Professional in Human Resources).

Agora, a ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) pretende mudar esse panorama. O objetivo é manter os profissionais da área atualizados e oferecer ao mercado uma espécie de selo de qualidade, que garante um elevado padrão ético e técnico. Essa foi uma das discussões promovidas ontem pela entidade no 39° Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (Conarh), em São Paulo, em um fórum conduzido pela consultora Andrea Huggard-Caine.

De acordo com o americano Howard A. Wallack, representante da SHRM (The Society for Human Resource Management), uma espécie de ABRH dos Estados Unidos, esse tipo de certificação também é uma maneira de o profissional se destacar perante a concorrência. “A vantagem em relação a um curso normal como um MBA, por exemplo, é que existe uma avaliação periódica — geralmente a cada três anos — para que a pessoa mantenha a certificação.

Isso demonstra que ela sempre vai estar alinhada com as melhores práticas e ferramentas da área”. Desse modo, Wallack enfatiza que se trata de um desafio constante, que abrange testes, provas e entrevistas. “Isso dá ao líder a confiança de que ele tem à sua disposição um RH adequadamente preparado para a função”, diz.

Para Luiz Augusto da Costa Leite, da Change Consultoria e Organização, não se trata apenas de ganhar o direito de usar siglas no currículo, mas de estabelecer padrões para a profissão que vão desde um conjunto de conhecimentos específicos e modelos de competências até códigos de conduta. “Isso é ainda mais importante para o setor de recursos humanos, que recebe profissionais com formações diversas e não é tratado de forma aprofundada nos cursos de graduação.”

Já Cristian Welsh Miguens, presidente do IBCO (Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização), afirma que, no caso das consultorias, as certificações funcionam não apenas para dar credibilidade, mas também uma referência ao contratante. “Sempre existe uma preocupação por parte dos clientes sobre a qualidade e a atuação do consultor. Quando se obtém uma certificação, boa parte das suspeitas são extintas”, diz.

Andrea Huggard-Caine diz que a ABRH está se esforçando para elencar as certificações existentes no mercado, validar as mais relevantes tanto com foco global como local, e fazer parcerias para oferece-las aos associados. Costa Leite ressalta, porém, que a certificação por si só não vai dar ao RH o espaço e o reconhecimento que ele tanto deseja dentro das organizações. Isso só vai acontecer quando os profissionais da área deixarem de ser “instrumentalistas” e passarem a enxergar o todo. “Além de dominar a técnica, é preciso que se entenda mais do negócio onde se está inserido. Ele é a razão da existência desse RH.”

Fonte: http://www.valor.com.br/carreira/3239580/especialistas-defendem-certificacao-para-profissionais-de-rh