Tornar-se uma área estratégica é um desafio para RH. E isso de maneira até mais abrangente, como profissão. Envolve mudança de postura, desapegos e novos conhecimentos – o que impacta diretamente os níveis de formação que temos hoje. Mas, se você ou sua empresa ainda não começaram a pensar nessa transformação, fatalmente há de se aprender pela dor.

Em alguns anos, não haverá mais espaço para Recursos Humanos que não participam da estratégia do negócio, seja de qual porte for.

Simplesmente em virtude da configuração de uma nova sociedade que está em formação, com a ajuda das gerações que estão chegando ao mercado de trabalho, como a Z.

Trata-se da Era 4.0: muito mais informação aliada à inovação tecnológica acelerada, outras formas de aprendizado, novos questionamentos e dilemas; uma era de compartilhamentos sem limites, do contato sem barreiras. E para dar aquele tempero, a situação da economia brasileira no médio e longo prazos.

Com isso, as relações se tornarão mais simples, porém não menos complexas: cargos, hierarquias, estações de trabalho, horário fixo… estão por um triz!

Uma matéria do Portal Exame mostra as 6 tendências econômicas de crescimento no mundo até 2020. A quarta delas é: “Populações mais inteligentes e mais saudáveis”. A gente torce para que isso seja realidade no Brasil de forma homogênea até lá, mas fato é que uma das chaves para a corporação crescer no longo prazo será o capital humano.

E como RH vai lidar com isso, se não estiver preparado para cuidar do que realmente é a sua prioridade – as pessoas? Como vamos garantir a retenção dos melhores desempenhos nas nossas companhias, se não estivermos de fato alinhados com o negócio? Se não pudermos participar das decisões das empresas, sobretudo em relação aos investimentos?

Mesmo que ninguém esteja preocupado com isso agora, esteja certo que RH será cobrado e a transição promete ser difícil. Novamente, há de se aprender pela dor.

Portanto, o momento em que estamos é ótimo. Porque obriga a área se autoavaliar, olhar seu desempenho para garantir o equilíbrio da relação dos 3Ms: o melhor recurso, desempenhando na sua melhor capacidade, com o melhor custo – um RH estratégico de fato.

Comece já: como dar os primeiros passos para esta mudança, mesmo em tempos de crise

  1. Defina sua estratégia, suas metas e planeje a ação
    Não adianta nada querer ser uma área estratégica, se isso não estiver na sua estratégia. Priorize os desafios da área em relação a isso, as barreiras que precisam ser contornadas (certamente haverá muitas!). Estabeleça os objetivos e como vai alcançá-los no curto, médio e longo prazos.
  2. Entenda que as métricas são suas aliadas
    A linguagem do negócio é baseada em números/métricas. Por isso:
    • Entenda seus números antes de qualquer ação; às vezes eles são mais do que o custo absoluto;
    • Lembre-se que toda iniciativa deve ter impacto de custo no presente e futuro;
    • Calcule o retorno de investimento de cada programa – o mercado disponibiliza muitas maneiras para se fazer isso.
  3. Faça uma auditoria interna
    Muitos dos processos de RH ainda são feitos manualmente e isso traz ineficiências. Comece por seus controles de benefícios: plano médico, alimentação, seguro saúde.
    Estes são os itens que costumam trazer uma surpresa boa e outra ruim, por causa dos erros de cadastro nos fornecedores: a má é que você vai encontrar muitos deles; a boa é que, tendo identificado quais os erros, é possível economizar até 5% do orçamento, em média.
  4. Corte ou eficiência?
    Sob forte pressão, nossa tendência é cortar custos – é mais rápido. Porém, mais sustentável e econômico, acredite, é buscar a eficiência.
    • Avalie o que deve ser priorizado e abandonado;
    • Identifique se a carga operacional da área não está onerando funções mais estratégicas, ocupando cadeiras que deveriam estar focadas em outras ações prioritárias de fato.
  5. Avalie seus programas
    Esta dica está muito ligada à anterior. Para priorizar é preciso revisar o desempenho dos seus programas:
    • Os benefícios estão alinhados com o desejo da população x investimento da empresa?
    • A Remuneração Variável está dando o recado certo? A empresa está premiando de forma estratégica?
    • A avaliação de desempenho está calibrada com o momento atual?
  6. Não faça tudo sozinho
    Pensar e agir de forma estratégica não significa fazer tudo sozinho, pelo contrário. Imagine um time todo voltado para apurar números em planilhas…
    Alie-se a parceiros dentro ou fora da empresa que possam ajudar em cada passo anterior, principalmente nas disciplinas que sua área não domina ou não tem tempo de investir.