O home office é uma modalidade de trabalho que vem ganhando espaço nas empresas como forma de adaptação ao sério problema de mobilidade urbana nos grandes centros – em 2015 só o paulistano passou, em média, o equivalente a um mês e meio parado no trânsito. A saída também responde aos desafios da nova realidade familiar que, muitas vezes, exige dos funcionários uma maior flexibilização em sua rotina diária [leia mais: “As novas famílias vêm aí: o que sua empresa tem a ver com isso“].

No entanto, o tema ainda gera dúvidas e receios, principalmente por parte dos funcionários. Uma pesquisa publicada pelo jornal Valor Econômico mostra que cerca de 60% dos 25 mil profissionais entrevistados em 12 nações temem que seus colegas vão achar que eles não produzem o suficiente por estarem remotos. Especificamente entre os brasileiros, esse percentual cai para 27%.

Contudo, é no Brasil que se concentra o maior índice de desconforto quanto a falta de clareza das corporações sobre o tema. Segundo a pesquisa, 60% gostariam de receber mais orientações sobre as políticas de home office das empresas onde trabalham.

E essa percepção não é infundada. Isso porque, boa parte das organizações não possui regras para o modelo, o que gera muita confusão e pode, inclusive, abrir brechas para processos trabalhistas.

Para evitar problemas, formalize o programa de trabalho remoto, com direitos e deveres da empresa e do empregado bem definidos. Mas, tenha em mente que só isso também não garante o sucesso da prática nem o aumento da produtividade.

É preciso criar condições para que o funcionário tenha capacidade de produzir bem seja em casa ou no escritório, investindo em sistemas e equipamentos que facilitem a conectividade com colegas de equipe e ferramentas internas, por exemplo.

Entre os benefícios de um modelo como este estão o ganho de produtividade e redução de custos para ambos os lados. Já o funcionário ganha também em autonomia, flexibilidade para organizar o trabalho, menor desgaste com deslocamentos e um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Porém, é necessário ser disciplinado e estar atento para evitar o outro extremo da balança – a tendência a se trabalhar mais horas e deixar-se isolar do restante da equipe.

Adoção da prática ainda é baixa no Brasil – Apesar das empresas de tecnologia serem cada vez mais adeptas ao home office, ele ainda não é um modelo comum no mundo, e cresce a passos lentos por aqui.

De acordo com o estudo “Trabalhar a qualquer hora, em qualquer lugar: Efeitos sobre o mundo do trabalho” da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Eurofound, embora seja um “fenômeno que está em alta” e já beneficia até um terço dos empregados em alguns dos países analisados, o também conhecido como teletrabalho não é ainda uma prática generalizada.

No caso do Brasil não há um cenário concreto, mas o relatório aponta que os serviços de telemídia dobraram na última década e alcançaram 1% do emprego formal antes da crise econômica.